ATA DA QUADRAGÉSIMA SÉTIMA SESSÃO SOLENE DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 09-12-1999.

 


Aos nove dias do mês de dezembro do ano de mil novecentos e noventa e nove reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às dezessete horas e vinte e cinco minutos, constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão Solene, destinada à entrega do Titulo Honorífico de Líder Comunitária à Senhora Carmen Maria Passos de Oliveira, nos termos do Projeto de Resolução nº 16/99 (Processo nº 1268/99) de autoria do Vereador Luiz Braz. Compuseram a MESA: o Vereador Reginaldo Pujol, presidindo os trabalhos; o Senhor Flávio Helmann, representante do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre; a Senhora Carmen Maria Passos de Oliveira, Homenageada; o Vereador Luiz Braz, Secretário "ad hoc". Ainda, durante a Sessão, foram registradas as presenças, como extensão da Mesa, dos Senhores Sílvio Ferreira dos Passos, Edith Viegas dos Passos, Arlete Passos Volino, Jussara Viegas dos Passos, Vera Regina Aguiar, Ana Paula Oliveira, Karina Oliveira e Cíntia Oliveira, familiares do Homenageado. Também, o Senhor Presidente registrou as presenças do Senhor Jocelin Azambuja; do Senhor Leão de Medeiros, Presidente do Diretório Metropolitano do Partido Trabalhista Brasileiro; do Senhor Jorge Nei Lima Luz, Coordenador Comunitário do Partido da Frente Liberal; de representantes do Ipiranga Futebol Clube. A seguir, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, ouvirem à execução do Hino Nacional e, em continuidade, concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador Luiz Braz, em nome das Bancadas do PTB, PSDB e PMDB, comentou a votação, pela Casa, do Projeto de concessão do título hoje entregue, afirmando que a presente homenagem representa o reconhecimento da Cidade ao trabalho realizado pela Senhora Carmen Maria Passos de Oliveira em prol da comunidade porto-alegrense. O Vereador João Carlos Nedel, em nome da Bancada do PPB, relatou dados do currículo da Homenageada, declarando refletir ele uma capacidade ímpar de se envolver com a busca de soluções para os problemas da comunidade, através do exercício de atividades marcadas pela valorização e conscientização do ser humano. Em prosseguimento, o Senhor Presidente convidou o Vereador Luiz Braz e o Senhor Flávio Helmann a procederem à entrega do Título Honorífico de Líder Comunitária à Senhora Carmen Maria Passos de Oliveira e, após, concedeu a palavra à Homenageada, que agradeceu o título recebido. A seguir, o Senhor Presidente convidou os presentes para, em pé, ouvirem à execução do Hino Rio-Grandense, agradeceu a presença de todos e, nada mais havendo a tratar, declarou encerrados os trabalhos às dezoito horas e vinte e quatro minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Reginaldo Pujol, nos ter-mos do artigo 27 do Regimento, e secretariados pelo Vereador Luiz Braz, Secretário "ad hoc". Do que eu, Luiz Braz, Secretário "ad hoc", determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 2º Secretário e Presidente.

 

 

 


O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Estão abertos os trabalhos da presente Sessão Solene, destinada a conceder o Título de Líder Comunitária à Sra. Carmen Maria Passos de Oliveira.

Convidamos para compor a Mesa a nossa homenageada, Sra. Carmen Maria Passos de Oliveira; o Sr. Flávio Helmann, representando o Sr. Prefeito Municipal.

 

Convidamos todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Nacional.

 

(Executa-se o Hino Nacional.)

 

O objetivo da nossa reunião é permitir que se realize a vontade soberana do Plenário deste Legislativo, que houve por bem aprovar a proposição do Ver. Luiz Braz, e o fez por unanimidade, conferindo à atual Presidente e fundadora da Associação dos Moradores do Conjunto Habitacional Coelho Neto, em Guaíba, e Presidente e fundadora da Associação dos Moradores e Amigos da Nova Chácara da Fumaça, Carmen Maria Passos de Oliveira, o título de Líder Comunitária.

Registramos a presença do Ver. Jocelin Azambuja e de outras ilustres figuras, como dirigentes de várias entidades, aqui representadas, inclusive o Ipiranga Futebol Clube.

O Ver. Luiz Braz está com a palavra e falará como proponente, e também em nome das Bancadas do PTB, PSDB e PMDB.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Eu quero declarar que falo aqui na condição de representante de todas essas Bancadas citadas, mas, especialmente, do Partido Trabalhista Brasileiro, Bancada que lidero nesta Casa e, mais especificamente, em nome de um Vereador que tem um trabalho junto com a Carmen, que é o Ver. Jocelin Azambuja. Faço questão de registrar, porque reconheço o trabalho do Ver. Jocelin juntamente com a nossa homenageada.

Quem conhece os trabalhos da Câmara sabe muito bem que, quando se vota um título de cidadania ou um título de líder comunitário, na votação do projeto, normalmente, os Vereadores não fazem encaminhamentos; apenas votam, colhem os votos, aprovam o projeto e as falações ficam para o dia da entrega do título. Hoje, por exemplo, é um dia em que as Bancadas se manifestam. Mas, para demonstrar a importância da nossa homenageada, lembro-me de que quando estávamos votando o projeto que dava o título de Líder Comunitária a Carmen, alguns Vereadores se fizeram presentes na tribuna, e muito especialmente o querido amigo Ver. Reginaldo Pujol, que hoje preside os nossos trabalhos. Ele veio à tribuna e demonstrou Plenário, até porque ele dirigiu o Departamento Municipal de Habitação, conhecendo sobejamente o trabalho realizado pela Carmen juntamente com as comunidades. Nós, que já sabíamos da importância da Carmen como líder comunitária, naquele dia ficamos muito contentes, porque vimos que não apenas nós tínhamos esse reconhecimento, mas os outros Vereadores da Casa, as outras Bancadas da Casa e, aqui na Câmara Municipal, temos a representação de toda a sociedade. A sociedade de Porto Alegre, quando da votação do Projeto, estava reconhecendo a importância da nossa homenageada. Ser líder comunitário nos tempos atuais é uma coisa muito difícil.

Primeiramente, acredito que é uma das funções mais nobres que alguém pode exercer, porque o líder comunitário, muitas vezes, tem a função de solicitar para os outros coisas que não tem para si. E assim, temos acompanhado muitos líderes comunitários. Conheço alguns, não sei se é o caso da Carmen, que solicitam casas para determinadas pessoas, e não têm casa para morar. Ele luta para que outras pessoas, para que representantes mais pobres da comunidade possam ter um lugar para habitar. Eles lutam pela saúde, e, muitas vezes, onde moram há problemas graves de saúde, e aquela luta não é em benefício próprio, mas sim para toda a comunidade. Tem que ter muito desprendimento pessoal para se assumir essa função de líder comunitário. Tem que ter muito amor no coração para se pedir primeiramente para os outros, para vislumbrar primeiramente a necessidade dos outros, para, depois, prestar atenção naquilo que a pessoa precisa. A pessoa que assume essa função normalmente acaba se realizando nas benfeitorias que as outras pessoas, que as pessoas que ela lidera acabam conseguindo.

E quantas vezes algumas comunidades progridem exatamente pelo trabalho e da visão dos nossos líderes comunitários! Até por isso, Carmen, eu tenho uma opinião que manifesto aqui da tribuna várias vezes, quando faço discussão sobre o Orçamento Participativo. Acredito que o Orçamento Participativo comete um grande crime contra as lideranças comunitárias. Ele matou as lideranças comunitárias. O Orçamento Participativo, ao invés de fortalecer o movimento comunitário, dar independência para o movimento comunitário, acabou castrando esse movimento, acabou fazendo com que as lideranças comunitárias ficassem subjugadas ao Poder Executivo, e isso não foi bom para a Cidade, isso não está sendo bom para a sociedade, e eu acredito que, à medida que o tempo passar, isso vai realmente mostrar os seus malefícios. Líderes como a Carmen e outras tantas lideranças que nós conhecemos militando no meio das comunidades têm que ter toda a liberdade para clamar de acordo com as necessidades da sociedade que ela representa, e para fazer as pressões necessárias sobre o Poder Executivo e sobre o Poder Legislativo, a fim de que as conquistas comunitárias possam surgir. O Líder Comunitário conhece os problemas de esgoto, conhece os problemas de habitação, conhece os problemas de saúde, conhece os problemas que envolvem aquela comunidade como um todo, e muitas vezes, eu sei, se envolve, inclusive, nos problemas particulares e domésticos, pela relação muito próxima que acaba tendo com as comunidades.

Então, as lideranças comunitárias tinham que ter independência, as lideranças comunitárias tinham que, na verdade, deter para si o maior poder dentro do Município, porque são os líderes comunitários que vão auferir as grandes necessidades, os grandes problemas que vivem as pessoas mais pobres da Cidade. São eles que podem vir e clamar com honestidade, clamar com o coração para que aquelas pessoas que menos têm possam ser supridas pelos Poderes que governam a Cidade, que é o Executivo, que é o Legislativo.

O poder que está no Executivo não pode fazer com que essas lideranças fiquem soterradas. As lideranças comunitárias não podem mendigar para o Poder Executivo aquilo que é uma necessidade das comunidades. As lideranças comunitárias, elas têm que ser ouvidas livremente, elas não têm que ser subjugadas ao Poder do Executivo, porque, senão, o que vai acontecer é o que acontece, hoje, infelizmente, em nossa Cidade e que não pode continuar acontecendo. As lideranças comunitárias que querem conseguir, por exemplo, água para uma determinada comunidade - e quantas vezes Carmen, eu sei, que as comunidades, principalmente aquelas que estão em locais mais distantes, mais inóspitos, pedem água, elas precisam de água. Água é alguma coisa que precisamos para viver, as pessoas sem água não podem viver. O Poder Executivo, que não mete a mão no seu bolso para retirar dinheiro para pagar essa água, não, o dinheiro que é utilizado é o dinheiro público, é o dinheiro de toda a sociedade. O Administrador que está na Prefeitura Municipal, seja ele qual for, utiliza o dinheiro que não é seu, administra dinheiro público e, por administrar dinheiro público, não pode deixar as lideranças comunitárias mendigado recursos, tem obrigação de distribuir os recursos de acordo com as necessidades, e quem tem a consciência maior dessas necessidades são as lideranças comunitárias. Água, muitas vezes, a liderança comunitária tem que se subjugar, ir lá naquela reunião desse maldito Orçamento Participativo, curvar-se a essas pessoas do Orçamento Participativo para pedir água para que as pessoas possam sobreviver com um pouco mais de saúde. E quantas vezes vi isso acontecer, Carmen: líderes comunitárias, assim como você, terem que ir até o Orçamento Participativo e disputar água para as suas comunidades! Não é justo que isso continue acontecendo, que se dispute, nessas concentrações que são cabresteadas pelo Executivo Municipal, que se discuta, lá, asfalto, tudo bem, porque se asfalta, hoje, demagogicamente, esta Cidade, mas, se dispute água, isto não pode acontecer, isto não deve acontecer. A água, quando é pedida por qualquer comunidade, deve ser atendida, se houver os recursos necessários. Sabemos que os recursos existem, senão, não se gastavam treze milhões em propaganda para se divulgar o Orçamento Participativo. Se treze milhões servem para gastar em propaganda, deveriam, aquelas comunidades que pedem água, ser atendidas. Falo mais da água, porque, afinal de contas, sem água o ser humano não sobrevive.

É por isso que, muitas vezes, tenho dito que esse pessoal que está na Prefeitura Municipal - peço desculpas ao representante que está aqui hoje, não é com ele - mas os representantes que estão aqui na Prefeitura Municipal, muitas vezes, eu penso que vieram de outros planetas, porque parece que eles não precisam de água. Eles deixam as pessoas disputarem a água nas reuniões do Orçamento Participativo.

Uma liderança, como é o caso da Carmen, penso que bastaria que ela trouxesse para o Chefe do Executivo essas necessidades, e iria um técnico até lá para saber da possibilidade e, se não existe, vamos ver quais os recursos possíveis para se colocar à disposição para essa água chegar até lá. Não é só dar asfalto, é água. Depois da água, se atendem as outras necessidades, como o esgoto e até o asfalto. Não se tem que asfaltar todas as comunidades, porque até causam problema de saúde, porque Porto Alegre foi transformada numa região muito impermeável, a água da chuva já não penetra mais no solo e em vários pontos da Cidade temos grandes lagoas sendo formadas.

Para encerrar, peço vênia a V. Exa. para citar alguns dos trabalhos que justificaram esse título que está sendo entregue a Carmen Maria Passos de Oliveira, título de Líder Comunitária. (Lê.)

“Presidente e Fundadora da Associação dos Moradores do Conjunto Habitacional Coelho Neto - Guaíba; Presidente e Fundadora da Associação dos Moradores e Amigos da Nova Chácara da Fumaça; Conselheira do Conselho Deliberativo de Federação das Mulheres Gaúchas; Delegada e Fundadora da Confederação das Mulheres do Brasil; Participação de chapas para eleição de diretoria da UAMPA e FRACAB; Conselheira do Conselho do Orçamento Participativo durante sete anos; Conselheira do Conselho Escolar da Escola Estadual Victor Isller; Fundadora do Conselho Municipal da Criança e Adolescente; Diretora e Fundadora da Creche Os Pequeninos da Chácara da Fumaça; Fundadora da Associação dos Usuários do Vida Centro Humanístico; Fundadora da Associação dos Moradores e Amigos da Vila Chico Mendes; participa como Membro da Comissão de Transporte da Região Nordeste; participa da Comissão de Transporte da Região Nordeste; participa da Comissão de Saúde da Região Nordeste; implantação da Escola Municipal de 1º Grau Completo; participação da criação do Parque Chico Mendes na Região Nordeste; participação da criação e implantação da unidades de saúde da Chácara da Fumaça e Rubem Berta; participação da criação e implantação da Escola Municipal Infantil Valneri Antunes; participação da criação e implantação da Escola Municipal de 1º grau completo Chico Mendes; assentamento de famílias - Vila da Fonte - Quadra 158; Vila dos Eucaliptos - quadra 161, Mutirão 161; Vila Leopoldina III, Quadra 149; Condomínio Machado, Quadra 154; Vila João Goulart, Quadra 162; Vila das Orquídeas, Quadra 163; Elo Perdido, Quadra 151; Vila Mirin, Quadra 167, Cooperativa Renascer. Participação e criação da Comissão da escolha do nome do Bairro Mário Quintana, escolhido através de um plebiscito com a participação de todas as associações do bairro. Assentamento das famílias da Wenceslau Fontoura e Timbaúva em conjunto com o DEMHAB.”

É essa gigante que está aqui hoje recebendo o título de Líder Comunitária.

Parabéns a você, Carmen, que você possa ter seu exemplo seguido por tantas pessoas que querem fazer o trabalho comunitário e que devem-se espelhar em lideranças como a tua. Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra, falará em nome de sua Bancada, o PPS.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) É com muita honra que falo em nome da Bancada do Partido Progressista Brasileiro, o PPB, da qual faço parte juntamente com os Vereadores João Antônio Dib e Pedro Américo Leal. (Lê.)

“Toda vez que aqui se propõe a concessão de um título ou uma honraria a alguma personalidade, é costume anexar-se o currículo dessa pessoa, em que é apresentada, além de sua qualificação pessoal e profissional, uma relação de suas obras e feitos.

Essas informações, variáveis de pessoa para pessoa, dão o embasamento necessário para justificar a concessão do título ou honraria.

Em raras oportunidades, porém, como hoje acontece, um aspecto em especial se superpõe aos demais, quase a obscurecê-los, em razão da sua magnitude.

Por isso, cumprimento o meu prezado amigo e colega, Ver. Luiz Braz, pela felicidade com que produziu a Exposição de Motivos para a concessão do Título Honorífico de Líder Comunitária a Sra. Carmen Maria Passos de Oliveira. Sem dúvida nenhuma, o currículo da Sra. Carmen Maria é apreciável, digno de louvores e demonstra a sua grande capacidade de se envolver com os problemas da comunidade, participando de diversas formas na busca das soluções para aqueles problemas. É uma pessoa de quem se pode dizer que conhece o verdadeiro sentido do verbo participar. O Ver. Luiz Braz foi muito feliz ao apanhar a motivação interior de Carmen Maria Passos de Oliveira para toda a vasta atividade constante de seu currículo. Uma pequena frase, quase no final de sua Exposição de Motivos, coloca Carmen Maria num patamar de virtude que a distingue e realça em meio a tantos outros que também se dedicam à causa pública. Nas palavras do Ver. Luiz Braz, ela é uma pessoa que luta pela valorização do ser humano. Luta pela valorização do ser humano!

Prezada homenageada e hoje Líder Comunitária Carmen Maria Passos de Oliveira, ainda que de seu currículo não constassem as obras que efetivamente realizou, ainda que de toda a sua luta não houvesse resultados, não houvesse êxito, ainda que todas as pessoas beneficiadas pelo fruto de seu trabalho não tivessem reconhecido o seu trabalho, a simples motivação que a tem impulsionado já seria mais do que suficiente para fazê-la merecedora do título que agora vai receber. A luta pela valorização do ser humano não é outra coisa que o cumprimento maior de todos os ensinamentos que Cristo nos deixou: “Ama ao teu próximo como a ti mesmo”.

A pessoa humana deve ser sempre o motivo principal das ações de todos aqueles que receberam de Deus alguns talentos especiais, que só fazem sentido se multiplicados a serviço do próximo.

A dignidade do ser humano, obtida de sua condição de filho de Deus, nos irmana e nos torna iguais em origem e destino.

E se tivesse o mundo um expressivo número de pessoas que, como a senhora Carmen Maria Passos de Oliveira, fossem capazes de orientar a sua atividade pessoal e comunitária, tendo como objetivo a valorização da pessoa humana, certamente não precisaríamos de tantas leis, não haveria tantos desassistidos, nem tanta violência, nem tanto desamor.

E a vida, Carmen, com toda certeza, seria muito melhor.

Parabéns, Senhora Carmen Maria Passos de Oliveira, Líder Comunitária de Porto Alegre! (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Queremos assinalar a presença, nesta Solenidade em que a Câmara Municipal de Porto Alegre entrega o Título Honorífico de Líder Comunitária à Sra. Carmen Maria Passos de Oliveira, a presença do Ver. Leão de Medeiros, Presidente do Diretório Metropolitano do Partido Trabalhista Brasileiro, bem como do Coordenador Comunitário do Partido da Frente Liberal, Sr. Jorge Nei Lima Luz, registro, da mesma forma, e o faço com muita satisfação, como extensão da Mesa, as presenças da mãe da homenageada, a Sra. Edith Viegas dos Passos, do pai da homenageada, Sr. Sílvio Ferreira dos Passos, das irmãs da homenageada, Sras. Arlete Passos Volino, Jussara Viegas dos Passos e Vera Regina Aguiar, e das filhas da homenageada, Ana Paula Oliveira, Karina Oliveira e Cíntia Oliveira.

Eu peço aos nominados que se sintam partícipes da homenagem, porque todos nós sabemos que na base de todo esse trabalho comunitário excepcional, que é desenvolvido com tanta determinação e eficácia pela nossa homenageada, está uma família unida, coesa e solidária. E é a solidariedade que cria esse espírito comunitário positivo.

Então, eu que tive o privilégio de dirigir essa Sessão, quero até pedir vênia para um breve comentário, já que eu deveria me manifestar em nome do Partido da Frente Liberal, que se faz presente neste recinto, mas transfiro esse pronunciamento às palavras dos Vereadores Luiz Braz e João Carlos Nedel, as quais eu subscrevo integralmente.

Com muita alegria e satisfação, eu convido o Ver. Luiz Braz, para que, juntamente com o representante do Sr. Prefeito Municipal façam a entrega à Sra. Carmen Maria Passos de Oliveira do Título Honorífico de Líder Comunitária.

 

(É feita a entrega do Diploma, pelo representante do Sr. Prefeito Municipal e pelo Ver. Luiz Braz.) (Palmas.)

 

Concedemos a palavra a nossa homenageada Sra. Carmen Maria Passos de Oliveira.

 

 A SRA. CARMEN MARIA PASSOS DE OLIVEIRA: (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) É com muito orgulho que hoje aqui estou recebendo este título.

Não encontro palavras para agradecer ao nosso trabalho que, como o nosso Vereador disse, nós tivemos que deixar de fazer muitas coisas pela própria família para poder fazer pela comunidade.

Agradeço, de coração, a todos que aqui estão me reconhecendo como uma líder comunitária. Graças a Deus, nós vestimos a camisa, fomos para dentro de uma vila, que o nosso querido Ver. Reginaldo Pujol tinha recém-assentado lá dentro, na época, Diretor do DEMHAB. Nós lutamos muito para salvar essa vila. Hoje, nós a tornamos um bairro onde fazem parte diversas vilas dentro da Região Nordeste que, atualmente, é o Bairro Mário Quintana. Foi onde nós lutamos para que a coisa fosse para frente, e tivemos a nossa primeira escola. Fomos chamadas para assistir o discurso de Leonel Brizola, quando ele estava criando os CIEMs, em Porto Alegre, que conseguimos, com quatro meses de Associação fundada, a nossa primeira escola dentro da Chácara da Fumaça, hoje chamada Escola Vitor Issler. Conseguimos que oitocentas crianças fossem atendidas dentro da nossa escola. Antes, tínhamos que pegar ônibus para levar os nossos filhos até a escola. E conseguimos, foi uma luta muito árdua.

Em seguida, nós conseguimos o nosso posto de saúde e a escolinha infantil, através da participação. Eu acredito na participação, pois é o que faz com que reconheçamos o que nós queremos mesmo dentro da nossa vila. E nós participamos, lutamos. Nunca baixamos a cabeça a ninguém, a nenhum partido que estivesse dentro do governo, nem nos humilhamos para nenhum deles. Nós fomos lá com a nossa cara, do nosso jeito e pedíamos as coisas como nós queríamos.

A Cooperativa Renascer, hoje, a única que é comunitária, habitacional, que deu certo dentro de Porto Alegre, foi criada dentro da Associação de Moradores. Graças a Deus, hoje estamos vendo as nossas obras sendo realizadas.

Nós brigamos muito com o DEMHAB. Está aqui o Flávio, representante também do DEMHAB, para confirmar. Ele sabe que nós brigamos, não baixamos a cabeça para eles. Quando sabemos que temos os nossos direitos, vamos para cima e brigamos. Foi uma luta árdua que durou seis anos, mas conseguimos. E, graças a Deus, como tudo isso, foi a união que a nossa família tem, pois somos filhos de um casal de oito filhos, nos unimos nesta luta árdua e conseguimos que a coisa fosse para a frente. Continuamos unidos. Acredito que a união e a cooperação é que faz o Brasil crescer e faz nosso Porto Alegre crescer.

Tem gente que diz que estão trabalhando com nossa família, que estão querendo dar poderes para ela. A nossa família não tem nenhum cargo público. Trabalhamos pela comunidade, não precisamos de cargos públicos para isso. E fazemos, tanto o meu pai, que está com 78 anos, hoje, aprendi com ele a fazer o trabalho comunitário, ele tem 51 anos de trabalho comunitário. Aprendi com ele como fazer o trabalho. Aprendi com minha mãe como criar os meus filhos. Graças a Deus não me arrependo de nada da minha educação. Aprendi com todos, lideranças que estão comigo, a fazer o trabalho comunitário. Quando fui para a Chácara da Fumaça, tinha sido despejada de uma área que hoje está lá, criando mato, a Prefeitura não fez nada até hoje, área das Máquinas Condor, que é onde hoje tem o Mc Donald’s, onde vai passar a III Perimetral ao lado. Moramos lá durante vinte e sete anos, a minha irmã que está, aqui, com os dois gêmeos, nasceu lá. Fomos despejados como se despeja cachorro, gato que não presta para nada. E fomos parar lá na Chácara da Fumaça. Mas não me arrependo de estar morando na Chácara da Fumaça, lá me tornei cidadã, sei o que posso e o que não posso falar. Porque na Chácara da Fumaça aprendi a ser cidadã, lutei pelos meus direitos de cidadã, de pessoa, de líder comunitária, e não me arrependo.

Agradeço a todos, a Prefeitura de Porto Alegre; aos órgãos públicos todos que nos deram ajuda, mesmo brigando conseguimos. Hoje, estou feliz em estar recebendo este título do Ver. Luiz Braz, que conheço há 14 anos, trabalhando dentro da Câmara; também o ex-Vereador Leão de Medeiros; e a todos os Vereadores que me conhecem, porque, há 14 anos, desde que fui morar dentro da Chácara da Fumaça, eu ando dentro da Câmara de Vereadores, sempre pedindo, ouvindo um Vereador ou outro, para que eu pudesse crescer mais na minha opinião também.

Eu consegui, através disso, através desse conhecimento, ser uma cidadã. Agradeço à nossa Cooperativa, através da qual conseguimos dar moradia a muitas pessoas que não tinham onde morar. Todo dia havia pessoas na porta da minha casa, pedindo moradia. Foi através dessa Cooperativa que nós conseguimos ver que ela é uma alternativa para moradia hoje em dia.

Não me interessa qual o partido que a criou; interessa é que a coisa ande e dê certo. Se Deus quiser, quando fizermos a inauguração do nosso “Renascer”, nós possamos mostrar a todos que com união e cooperação podemos conseguir muita coisa.

Foi a nossa família, unida, que conseguiu segurar essa Cooperativa. Se não fosse a nossa união, que passamos aos nossos cooperados, não tínhamos essa Cooperativa. Todos participam, e das noventa e seis famílias da Cooperativa, oitenta e cinco foram com a nossa participação, durante seis anos.

As pessoas ficam lutando e querendo ver realizado o que foi proposto, e hoje nós estamos vendo isso. Na nossa Associação também estamos lutando para que o mutirão da Chácara da Fumaça termine, pois está há seis anos nessa caminhada, e graças a Deus estamos conseguindo terminar.

Não queremos nada para nós, mas sim para o nosso povo, fazendo isso nós ficamos felizes. É isso que queremos. Quando inaugurarmos a nossa Cooperativa, nós queremos que todos os Vereadores desta Casa estejam presentes para ver o nosso trabalho. Não só o meu, mas também o trabalho da minha irmã, Arlete, que também dirige a Cooperativa, se matando e se arrebentando, sendo secretária da Central de Cooperativas, esforçando-se. Ela é Secretária-Geral da Central de Cooperativas de Porto Alegre, e já foi por três ou quatro vezes a Brasília para tentar ver realizado o nosso projeto das cooperativas. E pedimos que isso seja passado a outros líderes comunitários, que não se trata de uma questão de partidos, mas da nossa vontade de querer que a coisa se realize. Nisso que temos que pensar.

Agradeço mais uma vez a presença de todos. Sinto-me lisonjeada pela homenagem a mim prestada pelo Ver. Luiz Braz. Estamos aí para continuar a nossa batalha. Obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Ao nos encaminharmos para o final desta Sessão Solene, quero, na condição de Presidente dos trabalhos, determinar que, de acordo com o previsto no artigo 32 da Lei Orgânica do Município e no estabelecido na Resolução 726 de 22 outubro de 1979, no seu artigo 5º, que o título agora conferido seja registrado em livro especial, no qual se fará constar detalhadamente as causas da homenagem e a síntese biográfica da personalidade homenageada. Faça-se isso na forma da lei, e para que se cumpra o espírito do legislador.

Agradecemos a presença de todos e os convidamos para, com o Hino do Rio Grande, concluirmos esta Sessão importantíssima, eis que uma tarde em que a liderança comunitária é devidamente reconhecida e especialmente proclamada nos seus aspectos não-tutelados e espontâneos de quem, sem ter vínculos com o serviço público, realiza tarefas que muitas vezes deveriam ser cometidas aos agentes políticos que compõem o ordenamento da vida comunitária da Cidade. Acredito que a nossa homenageada Carmen Maria Passos de Oliveira não se sentirá diminuída se lhe pedirmos para dividir essa homenagem com toda a sua família, com todos os seus companheiros de jornada, porque hoje temos aqui a competência comunitária que ela tão bem representa.

Convidamos a todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Rio-Grandense.

 

(Executa-se o Hino Rio-Grandense.)

 

Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 18h24min.)

 

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